domingo, 30 de outubro de 2011

Sincericídio, já aconteceu com você ?

Sincericídio – Como Matar Amigos e Desconhecidos com a ‘Verdade’


“Nossa, essa foto é de quando? Três anos atrás? Ah, só dois meses?! Nossa, você tá bem melhor na fotografia, não? Uau, mas bem melhor na fotografia. E olha que era foto de máquina antiga, então nem rolou Photoshop. Essa vida corrida de hoje em dia acaba com a gente, não?”. E foi assim que minha mãe matou uma visita.

Toda mundo é um assassino em potencial e, para isto acontecer, basta abrir a boca. Não estou falando em crimes cometidos em atos orais mal-sucedidos ou mordidas de vampiro em pescoço, mas na forma mais antiga de se matar alguém: o sincericídio. Uma dose certa de verdade é capaz de acabar com a vida de uma pessoa.

Digo que minha mãe matou uma visita porque a senhora, retratada na foto, ficou realmente mal. Foi como se aquela sequência de frases desastradas tivesse feito com que ela percebesse o quanto envelheceu em pouco tempo. A tal fulana morreu em menos de dois meses. Há quem diga que foi em um acidente de carro, eu ainda acho que foi minha mãe.

Todo mundo gosta de “gente que fala o que pensa”. O problema é que gente pensa muita merda. Somos humanos, cometemos erros de julgamento. Muitas vezes, a sinceridade é usada pra disfarçar a grosseria. A pessoas diz, com aquele alívio incomum do “pronto, falei”, e quem ouve ainda deve agradecê-la por ter falado a verdade. Que nada. Muitas coisas não passam de ponto de vista e se o que você pensa não vai trazer um bem comum entre você e a vítima, não diga. Se falar algo vai apenas fazer com que o outro se sinta mal em troca do teu alívio, fique quieto, compre um sorvete e seja feliz.

Há dois tipos de sinceridade:

Sinceridade boa: quando um amigo te previne de sair de casa com um cachecol no verão porque está ‘friozinho’, quando tua mãe te avisa que você é feio demais pra aparecer na tv e que por isso deve fazer faculdade, quando o Windows pergunta “tem certeza que deseja desligar o computador” e você sabe que quer ficar mais um pouco ou quando a bula do remédio que você usa te avisa antes que os efeitos colaterais podem causar perda da libido.

Sinceridade ruim: quando o garçon pergunta se eu quero MAIS uma vodka! Mais uma? Quem é ele pra julgar o quanto eu bebo? E a moça do supermercado, que pergunta: “É só isso, senhor?”. Meu orçamento é curto, mas ela não precisa me lembrar disso. A sinceridade bancária também é ruim, porque ela não te trata com carinho. Em vez de dizer que você está devendo, ela fala, com todas as letras e numeros, o tamanho da sua dívida.

Eu, por exemplo, estou a beira de um sincerício sempre que o Gmail diz: “Você não tem mensagens novas”. Sou salvo da morte sempre que chega um SPAM pra me lembrar que eu existo digitalmente.


Fonte: http://pinkego.wordpress.com/2009/06/15/sincericidio-como-matar-amigos-e-desconhecidos-com-a-verdade/

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